terça-feira, 11 de janeiro de 2011

F1 - Lewis Hamilton admite problemas pessoais


Lewis Hamilton admitiu que problemas pessoais afetaram o seu desempenho nas pistas em 2010 e fez saber que está determinado a começar a temporada que se avizinha com todas as peças do seu puzzle pessoal bem arrumadas.
Ponto prévio: os problemas pessoais de Lewis Hamilton, a que fizemos uma breve referência a meio da temporada, afectaram o seu desempenho em pista mas só são notícia neste espaço porque o inglês decidiu falar abertamente da sua situação. Assim sendo, deixa de fazer sentido guardar segredo sobre o que uma parte do paddock já sabia e que comentou em surdina na fase final do Mundial. Mas se Hamilton não tivesse aberto o jogo, também não seriamos nós a trazer a público, questões privadas, mesmo com reflexo na sua performance desportiva.
Numa entrevista à BBC, Hamilton admitiu que, "as coisas não se passaram de forma harmoniosa e feliz na minha vida pessoal como no passado. E, quando não tens todas as peças do puzzle no lugar certo, é difícil fazer as coisas da melhor maneira noutras áreas da tua vida."
O ex-campeão do Mundo explicou também que, "ser eficiente como piloto é muito mais do que chegar às pistas e pilotar. Tem muito a ver com o trabalho que tens de fazer a nível promocional, o teu estado de espírito, as pessoas que te rodeiam - tanto família como amigos - e o tempo que lhes pode dedicar bem como o nível de relacionamento que tens com eles. Quando algumas destas coisas não decorrem de forma harmoniosa é muito difícil fazer com que tudo o resto também se passe da melhor forma, porque te falta equilíbrio."
Por isso, Hamilton faz da resolução destes problemas a sua prioridade para os próximos meses: "A chave para uma vida bem sucedida está em acertar todas as peças do puzzle, pois assim poderei focar-me no meu trabalho ainda melhor do que no passado. O meu plano agora é finalizar o puzzle, harmonizar tudo e começar a temporada com tudo bem claro na minha cabeça."
Verão transformou-o
O início de 2010 foi tudo menos harmonioso para Hamilton, que começou por separar-se de Nicole Scherzinger em janeiro, mas reatou relacionamento ainda antes do início da temporada. Entretanto cortou relações a nível profissional com o seu pai Anthony, que gerira toda a sua carreira e o relacionamento pessoal entre os dois ainda não se refez dessa decisão.
Por isso Hamilton só teve a companhia da namorada e alguns amigos nos Grandes Prémios, nunca tendo por perto o pai e o irmão, presenças quase permanentes nos anos anteriores.
Se isso já deixou Hamilton mais fragilizado e só no paddock, foi depois da pausa de verão que regressou à McLaren completamente diferente do que era anteriormente. A partir do GP da Bélgica o inglês isolou-se por completo, passando todos os minutos livres sozinho na parte da motorhome da equipa que lhe está destinada, ao mesmo tempo que passou a ser dogmático nas reuniões técnicas, recusando todas as sugestões dos técnicos.
Foi assim que decidiu, contra toda a equipa, rodar sem F-duct em Monza, com resultados catastróficos; foi assim que decidiu arriscar nos treinos livres de Suzuka e teve um acidente que deixou a equipa desorientada, pois ficou sem parte das peças novas que estreava e sem os dados de que tanto necessitava para decidir da sua utilização.
O que quer que se tenha passado nas suas férias americanas transformou Hamilton e surpreendeu a McLaren. Agora é uma questão de esperar pelo final do mês e pelo início dos testes de inverno para ficarmos a saber com que Hamilton podemos contar em 2011.
Isolado na McLaren
Além dos problemas pessoais a que fez alusão, Lewis Hamilton também ficou mais só no seio da McLaren desde que Ron Dennis abandonou a equipa e passou a liderança a Martin Whitmarsh. Sendo certo que Dennis podia - e muitas vezes era mesmo - sufocante e exasperante, também é verdade que protegia Hamilton de forma vigorosa e estava invariavelmente do seu lado em qualquer disputa interna.
O relacionamento com Whitmarsh é bem mais distante, o que se tem a vantagem de libertar Hamilton da enorme pressão a que Dennis o sujeitava, também o deixou exposto a algumas críticas internas por parte dos engenheiros da equipa. Não é segredo que Hamilton e Whitmarsh não morrem de amores um pelo outro e foi bem mais usual ver o patrão da McLaren em amena cavaqueira com Button do que com o mais jovem dos ingleses.
Também neste campo Hamilton vai ter de trabalhar se quiser ser ainda mais forte em 2011, pois sem o apoio total da equipa é sempre complicado ter sucesso a este nível.
Filme sobre Senna em questão
O comportamento de Hamilton na fase final do campeonato perturbou de tal maneira os responsáveis da McLaren que Whitmarsh e os principais técnicos - em pânico com o súbito misticismo do piloto inglês - fizeram tudo o que estava ao seu alcance para evitar que este visse o filme dedicado a Ayrton Senna, que teve a sua estreia mundial em Suzuka, quando decorria o Grande Prémio. Foram marcadas reuniões para horas fora do comum, para coincidirem com a exibição do filme, o que Hamilton não estranhou, pois fora da Europa a McLaren costuma alterar um pouco os seus horários.
Mas temendo que o visionamento do filme exacerbasse o novo comportamento de Hamilton, Whitmarsh teve mesmo de pedir a Ron Dennis que interviesse e foi o líder histórico da McLaren quem convenceu o jovem piloto a aguardar pelo final do campeonato para assistir àquele filme. Resta esperar para ver que efeito isso vai ter no seu comportamento, pois trata-se mesmo dum filme que toca fundo nos que privaram com o brasileiro e ainda hoje sentem a sua falta nas pistas e fora delas.

Ligue-ce com Luís Vasconcelos,autosport

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