terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Onde está o Estádio?

Foto: Arquivo Tome Gomes

Projeto de sempre em Maranguape, iniciado no inicio dos anos noventa sob a gerencia de Pedro Câmara, o estádio Moraisão, atravessou toda a historia política do município recente. Nos últimos anos uma nova polemica sobre esse espaço esportivo inacabado, voltou a inquietar os torcedores maranguapenses que vêem mais uma vez o espaço onde poderiam vibrar com o seu time ser esquecido e passado para trás por quem tem responsabilidade de acabar sua construção.

Um pouco de historia sobre o Moraisão
No segundo mandato de Pedro Câmara, a rampa de lixo que existia na zona onde está hoje o estádio foi adquirida pela prefeitura da imobiliária Jereissati. Depois de murar todo o entorno do espaço se seguiram as terraplanagens e os projetos de engenharia, elétrico, drenagem e arquitetura, já no mandato de Raimundo Matos. Posteriormente no mandato de Marcelo Silva foi edificado o lance da arquibancada existente e se completaram as obras de iluminação com verbas vindas de Brasília através Raimundo Matos, agora como deputado federal e sempre com a contrapartida por parte da prefeitura de Maranguape de 10% do valor da obra.

Já no mandato de Eduardo Gurgel foi proposta a conclusão do projeto iniciado á praticamente vinte anos antes, estávamos no segundo mandato de Eduardo Gurgel. Aqui começam as divergências sobre o que aconteceu verdadeiramente para que o estádio Moraisão se esteja a tornar uma obra inacabada á tanto tempo. Foi proposta à prefeitura uma verba através de emenda parlamentar por Raimundo Matos, cerca de 600 mil reais, para a conclusão do estádio que passaria a ter perto de vinte mil lugares sentados.

A Polêmica
Segundo Raimundo Matos em Novembro de 2008 a cerca de 2 meses do final do mandato de Eduardo Gurgel e como este não depositava o valor correspondente a contrapartida da prefeitura, foi avisado pelo ministério do planejamento que a verba se iria perder se não fosse remanejada para outro município, como Maranguape não se mostrava disponível, a transferência para outro município no caso Horizonte, foi a solução encontrada para que essas verbas não fossem perdidas.

Ainda segundo Raimundo Matos o município nem no seu orçamento tinha essa verba de contrapartida prevista o que, ainda segundo o deputado demonstrava o completo desinteresse na persecução da obra.

Ainda questionado sobre se depois da eleição de George Valentim não poderia ter procurado solucionar a situação com o novo prefeito, Raimundo Matos afirma que, como o senador Inácio Arruda e o Ministro dos Esportes, Orlando Silva, prometeram a vinda do estádio para Maranguape, com a maior brevidade, durante as eleições para a prefeitura, ele não se tinha mais metido nesse assunto, preferindo esperar para ver quando virá a obra.

Impunha-se então falar com o outro ator desta polemica e inacabada obra, Eduardo Gurgel, hoje chefe de gabinete de George Valentim e na época prefeito do município.

Segundo o ex-prefeito a historia é um pouco diferente da contada por Raimundo Matos.

Quando foi enviado para a Caixa Economica o valor da contrapartida para a vinda da emenda parlamentar se deparou com a mudança da emenda de Maranguape para Horizonte, sem nenhum aviso prévio ou qualquer outra explicação.

Outra conclusão é a que advém da votação de Raimundo Matos em Horizonte, na eleição de 2002 apenas teve 50 votos, já na eleição de 2006 atingiu quase os 5000, e há aqui um conflito de datas com informações por parte dos entrevistados.

Mas afinal, quando vem o Estádio?
Quanto á promessa feita pelo ministro do esporte Orlando Silva a George Valentim, “que o estádio viria até ao final do ano,” a explicação foi dada pelo secretario responsável pela área do esporte, Adriano Teixeira da FITEC, segundo este responsável devido a Copa os pedidos de estádios para varias cidades eram tantos que todos foram suspensos, já o chefe de gabinete e um dos intervenientes principais desta historia, nada disse sobre a vinda da conclusão do estádio.

Também o Deputado Chico Lopes deu alguma luz sobre o assunto numa reunião em que apresentou as suas propostas de candidatura para o esporte, ao afirmar que o estádio viria, mas que primeiro a burocracia da federação tinha de ser vencida.

Quando vem não se sabe e mesmo essa explicação envia para um futuro muito obscuro a conclusão do Moraisão que vai continuar no estado em que se encontra, numa degradação rápida e que em breve será irrecuperável.

Outras questões sobre o futuro
Ainda sobre o loteamento dos terrenos que teoricamente seriam para estacionamento, nada conseguimos concluir, já que todos os atuais responsáveis remetem para a imobiliária proprietária dos terrenos, no entanto as licenças de construção são passadas pela prefeitura.

Assim o Moraisão se um dia for construído naquele espaço terá graves problemas de estacionamento a menos que este seja construído debaixo das arquibancadas como se faz nos modernos estádios, mas esse tipo de obra encarece fortemente todo o projeto, veremos como fica no final.

Ainda sobre se o projeto contempla uma pista olímpica de atletismo, como no projeto de arquitetura inicial, sem conseguirmos certezas, até porque nos parece que ninguém as tem, a informação é que não haverá essa pista dentro do estádio, mas que será construído um parque de esportes junto ao Fórum da cidade. Falta saber se as medidas dessa pista podem permitir competições oficiais, é que apesar de haverem novas quadras no município, construídas pelo governo do estado, nenhuma tem medidas corretas e, portanto não podem ser usadas em competições oficiais. Sobre para que serve ter medidas oficiais, é claro que se as autoridades maranguapenses responsáveis pelo esporte querem realmente desenvolver o esporte, será inevitável que se o esporte for realmente trabalhado como deve, realizar competições oficiais será inevitável. Do contrário, a FITEC estará apenas construindo uma pista de atletismo para “encher lingüiça” e dar uma satisfação à população.

Teremos uma das sedes da Copa do Mundo em Fortaleza, Maranguape é um local privilegiado com condições atmosféricas únicas na região, porém não tem nenhum parque esportivo que possa albergar um time na sua estadia no Ceará, nem centro de estagio, nem hotelaria, nem nada que possa oferecer para cativar uma seleção ou criar condições para chamar torcedores a virem gastar o dinheiro que trazem para a Copa, a pergunta fica, se vai perder esta oportunidade única?

A terminar, você sabe por que o Moraisão tem esse nome? Chama-se assim porque Gilvan Morais cedeu graciosamente toda a maquinaria para a terraplanagem no inicio das obras do estádio, mal ele sabia que essa obra que carrega o seu nome se tornaria numa disputa política, passados todos estes anos.
Jornal O Esporte

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